O nosso umbigo!

A título de curiosidade, coloco aqui uma notícia que guardo desde a sua publicação em 2004. Na altura guardei o link para a notícia mas dado o tempo que se passou já não é valido. No entanto, guardei os dados relativos à sua autoria e data de publicação.


Agora que releio a notícia não pude deixar de sorrir. Ora aqui fica…

Publicado no Publico em Quarta-feira, 05 de Maio de 2004.
Por Filipa Parreira, Lusa
Centro de Portugal Afinal Não Está em Vila de Rei

Vila de Rei orgulha-se há duzentos anos de ter no concelho o centro de Portugal, um cume com miradouro e loja de lembranças. Mas o centro do país está afinal a dez quilómetros dali, noutro concelho e noutro distrito. Concelho de Mação, distrito de Santarém. É ali, entre as localidades de Amêndoa e Arganil, que se encontra o centro geométrico de Portugal, segundo os cálculos do matemático João Filipe Queiró, da Universidade de Coimbra. O professor, do departamento de Matemática da Universidade de Coimbra, decidiu debruçar-se sobre o "umbigo de Portugal" depois de uma visita ao Cabo da Roca, onde se deparou com a venda de "diplomas" garantindo que os seus detentores haviam estado no ponto mais ocidental da massa euro-asiática. A exploração de locais turísticos tendo como principal atracção a sua singularidade geográfica "podia ser uma indústria", pensou, lembrando-se imediatamente do centro de Portugal. Constatou entretanto que o concelho de Vila de Rei já afirmava ter em seu território o centro de Portugal, um cume com miradouro, por onde se estima que passem entre três a quatro mil pessoas por mês, segundo Jorge Lopes, da câmara municipal. No entanto, é "abusivamente" que se diz que o centro de Portugal é no Picoto da Melriça, disse Gonçalo Crisóstomo, do Instituto Geográfico Português, acrescentando que ali se encontra, desde 1802, o centro geodésico do país, que não é necessariamente o centro geométrico. O centro geodésico é a "coordenada zero em termos cartográficos", o que significa que é a partir daquele ponto que se fazem as medições da cartografia nacional, reportando todas as restantes coordenadas àquela origem. Consciente da existência do centro geodésico, João Filipe Queiró dedicou-se então, a título de curiosidade, a estudar matematicamente o ponto onde se encontraria o centro geométrico do país, o que não foi fácil. "Num círculo ou num quadrado, o centro não levanta muitas dúvidas", diz Queiró, "mas num país é mais complicado". Por isso, o matemático dividiu o mapa do país em rectângulos cada vez mais pequenos, "usando depois fórmulas de cálculo integral e caindo em integrais duplos que se calculam usando o teorema de Green", explicou. Num cálculo paralelo, que levou à mesma conclusão, substituiu o mapa do país por um conjunto de triângulos que ocupam a totalidade do território continental, calculando então os centros de cada triângulo e de seguida o "centro dos centros". João Filipe Queiró concluiu, com uma margem de erro que lhe "parece pequena" mas que não quantificou, que o centro geométrico de Portugal não se encontra afinal no picoto da Melriça, perto de Vila de Rei, mas sim um pouco mais a sudeste, entre as localidades de Amêndoa e Arganil, já no concelho de Mação. No entanto, a sua conclusão não surpreendeu Jorge Teixeira Pinto, do IGP, que há cerca de quatro anos decidiu fazer um estudo semelhante. "Para a inauguração do Museu de Geodesia - instalado no Picoto da Melriça por protocolo entre a autarquia de Vila de Rei e o IGP - levantou-se a questão de saber onde seria o centro geométrico de Portugal", recorda. No entanto, diz Teixeira Pinto, "ninguém pode afirmar peremptoriamente onde fica o centro", já que os cálculos dependem da escala a que são feitos e é impossível fazê-los a uma escala de 1:1. Assim, e não havendo uma determinação legal que estipule onde fica o ponto central do país, Vila de Rei pode escrever no seu "website" que o concelho se situa "precisamente no centro geográfico do país"; pode continuar a receber milhares de visitantes por mês e a vender miniaturas do picoto a todos quantos queiram mostrar que já estiveram no "umbigo de Portugal".
“E esta, hein?”

Moinho do Torno

Perto da "nova" ponte que vai para Palhais, na Ribeira da Isna, encontra-se o moinho conhecido como o moinho do Torno.

O açude:
A levada:
O interior do moinho:
A moega:
A mó:
A seteira:
O moinho:

A barqueira

Na passada segunda-feira, dia 11 de Fevereiro, no Jornal da Noite da SIC foi exibida uma reportagem especial intitulada A última barqueira. A reportagem conta a história de uma habitante de Fernandaires, aldeia situada a sensívelmente 3Km de Vilar do Ruivo. Esta habitante de seu nome, Margarida Luís, apelidada na peça de "última barqueira", foi responsável, durante mais de 30 anos, pela travessia de pessoas entre as margens da Ribeira da Isna. Após o enchimento da barragem de Castelo de Bode na década de 50, formou-se um enorme lago artificial. O leito da ribeira subiu e casas, plantações, moinhos, etc, desapareceram debaixo das águas. As margens alargaram e Margarida pegou nos remos...

Fica aqui a reportagem na integra. Um testemunho muito interessante e a ouvir com atenção.


Ó barqueira! Ó barqueira!